LEITORES ASSÍDUOS (ou com vontade de sê-lo)

domingo, 23 de outubro de 2011

CORDEL AOS PROFESSORES

Escrevi este texto em versos para homenagear os professores do IFSul - Campus Charqueadas, meus colegas, e ele passa a fazer parte, aqui neste espaço, da série POEMAS DE CIRCUNSTÂNCIA.

“Como não lecionava para o bem de meus semelhantes, senão apenas em função de minha própria subsistência, vi completamente malograda minha empresa.”
David Henry Thoreau (1817-1862),
escritor norte-americano


Vou cantar à moda antiga
Bons colegas professores
Toda em rima esta cantiga
Com seus sons, talvez sabores
Dos cordéis lá do Nordeste
Que, nascendo em chão agreste,
Vêm deleitar os doutores

Do Assaré um “Patativa”
Inda que sem instrução
Teve veia criativa
Mostrou gênio e vocação
Cabra xucro e sem dinheiro
Foi poeta verdadeiro
Hoje é orgulho da Nação

Da escola retirado
Nem o ano terminou
Foi buscar seu “eldorado”
Não nos versos que inventou
Mas na roça onde, de enxada,
Desde alta madrugada
O “pão-nosso” ele cavou

Mas à noite meditava
Versos que não soube ler
Pois a escrita, coisa brava,
Nunca pôde compreender
No entanto, meus amigos,
À maneira dos antigos
Na cabeça os fez nascer

Sirva este só exemplo
Para os mestres de lição
É a escola sempre o templo
Do saber e formação?
Quantos homens neste mundo
Mostraram valor profundo
Mesmo sem “educação”!

Mas não quero neste dia
Desfazer do professor
Muito menos me valia
Recusar o seu valor
A questão que aqui coloco
É mudar antes o foco:
Não se aprende sem amor

Um poeta americano
Que viveu no novecento
Escreveu ser mais que insano
Tanto esforço, tanto acento
No saber que ao lucro preste
Porque o verdadeiro mestre
É o que busca o bem humano

E esse bem anda por onde?
Meus amigos, lhes pergunto
Em que parte ele se esconde
Que demora em estar-nos junto?
Mais vale a mão estendida
Do que a solidão erguida
Sobre o frio e douto assunto

Saber algo é preciso
Disso não há duvidar
Mas o teto sem o piso
Não flutuará no ar
E hoje num mundo em crise
É mister que se revise
O que temos a ensinar

O primeiro mandamento
É viver bem e à vontade
Não deixar que leve o vento
O pilar da igualdade
Que esta siga firmemente
Sempre forte e presente
Dando base à sociedade

Numa escola como em tudo
Nada deve ser assim:
Manda em cima, embaixo mudo
Só a sinalizar “sim”
Ouvir por vezes um “não”
Faz parte da construção
Do melhor e justo fim

Outro mandamento exato
É visar ao integrado
Pois o homem, eis o fato,
Nunca teve só um lado
Somos muitos num só dia
Sempre o mesmo, todavia:
Herdeiros do mesmo fado

De que vale um especialista
Inda assim tão verde a erva?
Melhor conhecer a lista
Do que o mundo nos reserva
Mais vale ensinar o jeito
Do que fornecer conceito
Que a Ciência não preserva

Talvez algo mais tivesse
A dizer-lhes, meus senhores,
Mas o muito a gente esquece
E o pouco tem seus louvores
E já dando adeus eu quero
Deixar inda um mui sincero
PARABÉNS AOS PROFESSORES!”


(Prof. Conrado Abreu Chagas, outubro de 2011)

4 comentários:

  1. Thanks, Jana amada! Creio em ti e em teu discernimento, é claro, mas também me vem à mente aquela máxima inglesa (seria inglesa?) de que "beauty is in the eye of the beholder".

    Beijo!

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  2. Conrado, amado cunhado, um professor como tu é que me faz (ainda) acreditar no futuro da educação! Educação essa que é tão desvalorizada e 'avacalhada' pelos governantes. Apesar de tudo ainda tem professores que, com muito amor, fazem o melhor!

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  3. Iara, minha cunhada favorita!

    Muito obrigado pelas palavras de incentivo e o carinho.

    Beijo!

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